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Arquitetos: Santiago Viale
- Área: 395 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Gonzalo Viramonte
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Fabricantes: ANODAL, AutoDesk, CALIDO 20 GRADOS, GOLMAN, HORMI-BLOCK, ORANGE OBRAS CIVILES, Patagonia Flooring, Portobello, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. Trata-se do projeto de uma casa em Villa Allende, em um lote extenso e praticamente plano, cuja frente está orientada a leste, com presença de árvores de porte médio em seu perímetro e livre do centro. A proposta é de um espaço para as pessoas habitarem e, para tanto, partiu-se de três elementos fundamentais, que vão tomando maior ou menor relevância de acordo com a demanda do projeto. Estes são a matéria, a luz e o lugar. " (...) Eu supliquei a ela (à arquitetura) que tirasse de vez seu vestido de mármore, que lavasse a maquiagem de seu rosto e que se mostrasse como ela mesma." Konstantin Melnikov.
Tomando a frase deste mestre russo, decidiu-se utilizar quatro materiais determinantes: o concreto e o aço corten na parte externa, e a madeira e o gesso no interior. Todos eles se apresentam em sua forma natural, mantendo sua cor e textura. Os dois primeiros, principalmente para fora, sem nenhuma "maquiagem", apensa com a forma que as fôrmas de madeira lhes dão ou as transformações pela oxidação do aço. No interior, a madeira aquece os ambientes e o gesso branco contrasta com o aspecto rústico do concreto.
Uma sucessão de placas de concreto nos recebe nos exterior e filtram a entrada de luz projetando potentes linhas sobre o piso e paredes, que variam e se movimentam segundo a hora do dia e a época do ano. No interior é possível apreciá-las nas aberturas zenitais sobre os móveis da sala de estar, que capturam a luz de cima, corada com a cor da madeira, ou na extensa janela horizontal sobre o piso que nos comunica com o pátio de luz lateral e seu jogo de luz das placas de concreto. Na escada nos encontramos, sem dúvidas, frente a um espaço de grande luminosidade e surpresa. O pé direito duplo do início da mesma, todo envidraçado, capta uma entrada de luz constante ao longo do dia e marca a passagem das horas pela projeção dos raios do sol no interior. Ao chegar finalmente no pavimento superior, nos encontramos com uma claraboia superior que arremata e qualifica o espaço.
Por conta da amplitude do lote, surgiu a ideia de estender no térreo planos em várias direções, com o objetivo de fixar-se ao mesmo, e no pavimento superior tomando o programa como um armador da ideia, se propõe um prisma retangular que se apoia sobre eles.
Entre essa sintonia entre programa e lugar, aparece a luz natural utilizada como "matéria" que por vezes toma a mesma força que o concreto. Outro recurso arquitetônico que se utilizou foi o recorte da paisagem, à maneira de Le Corbusier. "Para que a paisagem conte, é preciso limita-la, dimensiona-la... E descobri-la apenas em alguns pontos estratégicos". Isso pode ser apreciado nos extremos do corredor alto e, principalmente, na escada, da qual é possível apreciar a paisagem recortada como um quadro sobre as paredes do térreo.